Gosto cada vez mais da ideia de cultivar no jardim plantas que, para além do seu valor ornamental, possam, em parte, ajudar a conhecer melhor o passado desta região. Da mesma forma que podemos falar de uma chaminé tipicamente algarvia, como o caso das que mostro hoje, e têm que em comum o facto de terem sido construídas nos anos 20, também aprendemos muito sobre as raízes culturais de uma determinada população pelo uso que faz das plantas locais.
Durante séculos, o trabalho com esparto (Stipa tenacissima) foi uma das principais atividades económicas, em muitas aldeias da serra e do barrocal algarvio. Esta planta, da família das gramíneas, cresce normalmente em terrenos pobres e incultos, e é muito resistente à falta de água, o que a faz perfeita para jardins de baixa manutenção. Também o seu passado, e a importância que teve na economia local, fazem dela uma planta quase obrigatória num jardim algarvio.
A segunda planta de hoje, com flores lilases, é a versão mais primitiva de um esfregão de panelas... As suas folhas, de textura aveludada, serviram, durante muito tempo, para ajudar no trabalho de limpeza dos utensílios na cozinha. A planta é conhecida por cá como "mariola" ou "marioila" (Phlomis purpurea). Usada num jardim, ao lado do esparto e de tantas outras plantas locais, permitiria uma abordagem à cultura, à história, às tradições desta região, servindo, igualmente, para as perpetuar.
Olá Zé, tudo bem. Como sempre lindas fotos, as que vais apresentando no teu blog. Quanto ao esparto uma planta tipica do nosso Algarve onde outrora se faziam diversos artigos para uso diário no campo, ele eram: alcofas, tanhos, capachas (tapetes), capacheiras,gorpelhas isto em empreita, corda, trena (trança) para as esteiras de secagem dos figos, redes para o tansporte de palha e erva em cima do lombo das bestas, barbilhos ou ceiros pra colocarem nos focinhos do gado,faziam também corda para as redes que guardavam as ovelhas (redil) etc. Tenho algumas plantas que foram semeadas por mim depois plantadas num terreno que possuo no municipio Vila do Bispo onde crescem e já estão dando folhas que depois de colhidas, são secas e trabalhadas fazendo-se a empreita para posteriormente fazer-se os tais artigos. Em moço aprendi a fazer a empreita e a fazer os tais artigos uma tradição que está desaparecendo e que de hoje amanahã quase ninguem sabe fazer.Possuo algumas peças feitas por mim com as folhinhas da dita planta. A empreita de esparto tem uma técnica um pouco diferente da que é usada na empreita de palma, que também sei fazer. É um arte interessante. A planta para jardim de baixos custos, em termos de água, é muito interessante. Mais uma mão cheia das nobres chaminés, lindas como sempre. Um Abraço
ResponderEliminarEstas fotos foram tiradas onde? as dos esparteiros e das chaminés?
ResponderEliminarA zona de Sagres tem grandes áreas com esta espécie, antigamente havia pessoal, nesta zona, que só vivia deste tipo de trabalho.
Nota: O comentário anterior também é meu, esqueci-me de por o nome.
Um abraço, MORENO
Zé para quando um livro sobre chaminés????? era uma fezada, não!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarMoreno