Umas das memórias que tenho, da casa dos meus avós maternos naturais do Algarve, é de duas enormes begónias que existiam junto das janelas dos quartos, que sempre conheci como "chuva de prata", e que quase tocava no tecto. Tocar no tecto era algo que nunca poderia acontecer, pois acreditava-se que o chefe da família poderia morrer se isso acontecesse, e por causa desta crença, ajudei várias vezes a cortar os ramos mais altos. Durante os anos da minha inocência, respeitei esta necessidade da minha avó e até cheguei a recear pela vida do meu avô. Oh, santa inocência!
A segunda begónia tinha uma folha mais recortada e era identificada como "chuvão", e nunca foi necessário cortar na altura. Sempre me foi explicado que a melhor terra para estas plantas de interior, era obtida no interior oco de velhas alfarrobeiras, e que era sempre bom manter alguma água no fundo do prato do vaso. Estas são algumas das primeiras memórias que tenho do Algarve e, graças a elas, anda hoje as cultivo, e respeito os ensinamentos dados pela minha avó.
As fotos mostram as flores (normalmente em cachos cor de rosa) da begónia conhecida como "chuvão", e originária de América do Sul, e a outra flor, com aspecto de um polvo, pertence a uma orquídea, Prosthechea cochleata, originária da Florida e, tal como a anterior, com floração igualmente contínua.
Gosto da combinação de ambas as plantas, tanto por partilharem o longo ciclo de floração, como pelo aspeto belo e estranho das suas flores. Uma curiosidade em relação às begónias: pensa-se que terão sido introduzidas em Portugal, durante o século XIX, com o regresso da corte do Brasil e, por razões climáticas, o Sul e ilhas foram as regiões onde foi possível cultivá-las. No Brasil, estas begónias também são conhecidas como asas de anjo devido ao formato das folhas.
Quero aproveitar para dedicar estas flores a todos os amigos deste blog, e em especial aos que têm deixado comentários úteis e simpáticos, e que me deixam muito feliz. Através deles tenho conhecido pessoas muito interessantes, e que espero continuar a conhecer nos próximos anos.
Bem hajam a todos.
Ora aqui estão duas plantas que adoro. Begónias e orquídeas. Tenho bastantes Begónias e gosto muito da sua folhagem e flores. E o que dizer sobre as Prosthechea cochleatha... foi a orquídea que escolhi para a capa do meu livro de Orquídeas. Adoro. Este mês tive o prazer de ver florida pela primeira vez a minha Prosthechea cochleata alba. Se não a viu, dê uma espreitada no meu blog.
ResponderEliminarQue simpático!
ResponderEliminarBegônias são também plantas de minha infância. Desde que me conheço por gente, como se diz por aqui, lembro das begônias ao meu redor... na casa de minha avó materna, nas de meus vizinhos, em minnha própria casa, cultivada por minha falecida mãe. Guardo ainda dois exemplares dessas plantas, remanescentes daquela época, por questões sentimentais. É sempre um prazer olhar para elas, apesar de que por último me tenham negado suas flores (talvez em protesto pelo pouco tenho que tenho dedicado a elas, só pode, rs). Contudo, só em apreciar a linda folhagem que possuem já me é reconfortante.
Por isso gostei tanto em saber que a tua memória também tem lembranças emolduradas por begônias.
Abraços!
Dóris.